Bahia se prepara para diminuir o impacto ambiental da produção pesqueira
A Bahia se prepara para diminuir o impacto ambiental da produção pesqueira no estado. A Bahia Pesca, empresa vinculada a secretaria da Agricultura do Estado (Seagri), implantará, em dois terminais pesqueiros públicos, um conjunto de ações para diminuir o consumo de água, economizar energia e minimizar a geração de resíduos sólidos e efluentes. “Estamos na fase de conclusão de um estudo de impacto ambiental da produção pesqueira. Agora, com estes dados, podemos preparar um plano de trabalho para tonar a atividade cada vez mais sustentável”, explica o gerente de assistência técnica da empresa, Eduardo Rodrigues.
O gestor foi o responsável por elaborar uma “Avaliação do Ciclo de Vida” (ACV) dos peixes consumidos na Bahia. A ACV é uma ferramenta de análise e quantificação do impacto ambiental de um produto ou processo, desde a extração das matérias-primas até o momento em que ele deixa de ter uso e é descartado como resíduo ou é reciclado, passando por todas as etapas intermediárias (como manufatura, transporte, uso, etc.).
Resultados do estudo - O estudo revelou que todo o processo de beneficiamento (lavagem dos peixes, descama, evisceração,filetagem, congelamento e armazenagem) e comercialização do pescado na Bahia utiliza em média 5,36 litros de água por quilo do produto. O consumo médio de energia elétrica no beneficiamento dos peixes calculado foi 0,09 kWh/kg, considerando que uma unidade de beneficiamento processa 312,5 kg de peixe/hora. A quantidade de efluente gerado com a atividade de beneficiamento é de 5,36 litros de efluente/kg de peixe.
Os resíduos sólidos e efluentes são as etapas responsáveis pelas maiores emissões de “dióxido de carbono equivalente” (medida métrica utilizada para comparar as emissões de vários Gases de Efeito Estufa baseado no potencial de aquecimento global de cada um) na atmosfera. A pegada de carbono média do peixe filetado é de 1,493 kg de CO2e/kg.
Ações de mitigação dos impactos ambientais - Para reduzir os números obtidos, o Núcleo de Licenciamento Ambiental da Bahia Pesca prepara um plano de ação que será implementado primeiro nos terminais pesqueiros de Sobradinho e de Ilhéus.
“As ações envolvem a utilização de cortes de peixe diferenciados e que demandem menor quantidade de água para seu beneficiamento; aumentar o volume de pescado processado por vez, para reduzir o consumo de energia; utilizar fontes alternativas de energia, como a solar e a eólica, por exemplo; diminuir a emissão de resíduos sólidos, por meio do encaminhamento das partes não processadas para a produção de biocombustíveis, rações, artesanato, produção de sabão, etc; e o tratamento dos efluentes para que se torne útil em outras áreas dos terminais ou mesmo em outras produções, como a irrigação”, enumera Eduardo Rodrigues.
O estudo e suas conclusões foram apresentados à comunidade científica nesta semana, durante o Congresso Brasileiro sobre Gestão pelo Ciclo de Vida realizado em São Bernardo do Campo (SP).